Consultoria apresenta os impactos do IFRS 9 na concessão e recuperação de crédito
A consultoria Bip, representada pela gerente de risco de crédito Stephanie Rutschka, realizou na ABBC uma apresentação detalhada sobre os impactos das novas resoluções 4966/21 e BCB 352/23 na estratégia de concessão e recuperação de crédito. O evento foi dirigido aos membros da Comissão de Produtos PJ da ABBC - Associação Brasileira de Bancos.
A especialista iniciou a apresentação abordando os principais temas da resolução 4966/21, que traz mudanças significativas nos critérios contábeis relacionados a instrumentos financeiros. Entre os pontos destacados, estiveram presentes a classificação, o reconhecimento, a mensuração inicial e subsequente desses ativos, além das taxas de juros efetivas e dos conceitos de renegociação e reestruturação de crédito.
"A renegociação, segundo a nova resolução, deixa de ter um caráter negativo e passa a ser vista como uma simples alteração contratual, enquanto a reestruturação continua a ser associada a uma concessão de benefícios significativos devido à deterioração da qualidade creditícia," explicou Stephanie. Ela ressaltou ainda a mudança no tratamento dos ativos problemáticos, que agora têm critérios mais rigorosos para classificação e impactos significativos em provisões de perdas esperadas.
A resolução BCB 352/23, que complementa a 4966/21, introduz um modelo de cálculo de perdas esperadas mais complexo para instituições S1 e S3, enquanto instituições S4 e S5 seguem um modelo simplificado. Stephanie enfatizou a importância de uma gestão atenta aos novos parâmetros de provisão, que agora incluem não só operações de crédito, mas também outros instrumentos financeiros como TVMs e garantias prestadas.
Rutschka abordou ainda os novos percentuais de provisão para operações de crédito, variando conforme a duração e a carteira específica. Operações com até 14 dias exigirão provisões entre 1.4% e 1.9%, enquanto aquelas entre 15 e 30 dias variam de 3.57% a 4.5%. As operações entre 31 e 60 dias vão requerer provisões de 5% a 15%, e as entre 61 e 90 dias vão variar de 5% a 38%.
A gerente destacou a questão do "arrasto" de ativos problemáticos, explicando que as novas regras exigem a consideração do pior nível de provisão da contraparte. Para carteiras não varejo, é necessário fazer o arrasto, o que impacta a suspensão de apropriação de juros e a construção de um percentual de provisionamento maior, independentemente do atraso ser superior a 90 dias. Rutschka enfatizou que, mesmo que uma operação esteja em dia e tenha uma garantia real elevada, ela será arrastada se outra operação da mesma contraparte estiver classificada como problemática.
A gerente destacou a questão do "arrasto" de ativos problemáticos, explicando que as novas regras exigem a consideração do pior nível de provisão da contraparte. O arrasto impacta a suspensão de apropriação de juros e o impacto em um percentual de provisionamento maior, independentemente do atraso ser superior a 90 dias. Rutschka enfatizou que, mesmo que uma operação esteja em dia e tenha uma garantia real elevada, ela será arrastada se outra operação da mesma contraparte estiver classificada como problemática.
Foi destacada a importância de estudos que corroborem a diferença de risco de crédito entre operações para justificar exceções quanto ao arrasto. A gerente também discutiu as diferentes classificações de carteiras, com a C1 e C3 contendo garantias e as C4 e C5 não possuindo garantias. As provisões variam conforme a classificação, sendo C1 a que exige menor nível de provisão e C5 a maior.
Em termos de impacto nas estratégias de concessão e recuperação de crédito, Rutschka apontou seis principais áreas afetadas, conforme relacionadas abaixo.
Rutschka concluiu ressaltando a necessidade de adaptação das instituições financeiras às novas regulamentações para garantir a conformidade e a eficiência na gestão de crédito. As resoluções 4966/21 e BCB 352/23 impõem desafios, mas também oferecem oportunidades para aprimorar processos e estratégias na visão da especialista.
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